Emissões começaram a estabilizar em março de 2024 e registaram inclusive algumas quedas
As emissões de dióxido de carbono da China mantiveram-se estáveis no terceiro trimestre de 2025, prolongando uma sequência de 18 meses de emissões estáveis ou em queda, segundo uma análise publicada pela plataforma Carbon Brief e citada pela Reuters.
O estudo, conduzido por Lauri Myllyvirta, do Centro de Investigação sobre Energia e Ar Limpo (CREA), indica que as emissões começaram a estabilizar em março de 2024 e poderão até cair este ano, se não houver um pico até ao final de dezembro.
De acordo com uma análise anterior, a produção de CO2 aumentou 0,8% em 2024, após uma recuperação pós-pandémica no início do ano. A atual desaceleração ocorre apesar do crescimento económico e do aumento de 6,1% na procura de eletricidade - grande parte coberta por energias renováveis, que responderam por cerca de 90% da nova produção.
O setor dos transportes reduziu as emissões em 5% e o da energia manteve-se estável, mas o aumento de 12% na produção de plásticos impediu uma queda mais significativa. Esse crescimento foi impulsionado pela procura interna e pela substituição de importações no contexto da guerra comercial com os Estados Unidos. O governo chinês incentivou também as refinarias a migrarem para a produção química, de forma a compensar a queda na procura de combustíveis para transportes, num cenário de forte adesão aos veículos elétricos.
Em setembro, Pequim comprometeu-se a atingir o pico das suas emissões de carbono até 2030 e reduzi-las entre 7% e 10% até 2035 face a esse nível máximo ainda desconhecido. Foi o primeiro compromisso formal da China para reduzir emissões, embora a escala das metas tenha ficado aquém das expectativas internacionais. O comissário europeu responsável pelo Clima classificou-as mesmo como “dececionantes”.
Segundo a Reuters, o afastamento dos Estados Unidos dos acordos internacionais sobre o clima durante a presidência de Donald Trump criou uma oportunidade para a China assumir um papel mais ativo nesta matéria, nomeadamente na cimeira da ONU sobre o clima (COP30), que arrancou esta segunda-feira, no Brasil.