O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, de 9,75% para 9,50%. Esta modesta redução reflecte o agravamento dos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, com destaque para o atraso no pagamento dos instrumentos da dívida pública interna pelo Estado.
As perspectivas da inflação mantêm-se em um dígito, no médio prazo. Em Outubro de 2025, a inflação anual fixou-se em 4,8%, após 4,9% em Setembro. A inflacção subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens com preços administrados, também reduziu. A manutenção das perspectivas da inflacção em um dígito, no médio prazo, reflecte, essencialmente, a estabilidade do Metical e a tendência favorável dos preços internacionais de mercadorias.
O endividamento público interno continua a agravar-se, com impacto no funcionamento normal do mercado financeiro. A dívida pública interna, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 465,8 mil milhões de meticais, o que representa um aumento de 50,3 mil milhões em relação a Dezembro de 2024. O atraso no pagamento dos instrumentos da dívida pública interna pelo Estado está a resultar na redução da apetência por títulos públicos e na rigidez das taxas de juro de mercado monetário interbancário.
Os riscos e incertezas associados às projecções da inflacção mantêm-se elevados. No médio prazo, para além dos riscos e incertezas associados aos efeitos dos choques climáticos e a lentidão na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços na economia, destaca-se o atraso no pagamento dos instrumentos da dívida pública interna pelo Estado.
O CPMO reafirma o seu compromisso de prosseguir com uma política monetária prudente e orientada para a estabilidade macroeconómica. Em face do agravamento dos riscos e incertezas, a direcção da política monetária estará, doravante, condicionada à avaliação dos riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflacção.